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Manteiga ou margarina: o que é melhor?


Para os indivíduos fora de risco cardiovascular, manteiga. A manteiga é classificada como ingrediente culinário enquanto a margarina é classificada como um alimento ultraprocessado. De acordo com o Guia Alimentar para a População Brasileira, os ingredientes culinários (óleos, gorduras, sal e açúcar), desde que utilizados com moderação em preparações culinárias com base em alimentos in natura ou minimamente processados, contribuem para diversificar e tornar mais saborosa a alimentação sem que fique nutricionalmente desbalanceada. Por outro lado, o guia recomenda que o consumo de alimentos ultraprocessados deve ser evitado.


Pesquisadores brasileiros conduziram um estudo transversal com dados obtidos do módulo sobre consumo alimentar de indivíduos da Pesquisa de Orçamentos Familiares 2008-2009 com uma amostra que envolveu 32.898 indivíduos. Os resultados indicaram prejuízos à saúde decorrentes da tendência observada no Brasil de substituir refeições tradicionais baseadas em alimentos in natura ou minimamente processados por alimentos ultraprocessados e, por isso, apoiam a recomendação para ser evitado o consumo desses alimentos.


Entretanto, quando se trata de indivíduos em risco cardiovascular (que envolve dislipidemia, diabetes, hipertensão), a recomendação é outra. A V Diretriz Brasileira de Dislipidemias e Prevenção da Aterosclerose, publicada em 2013 pela Sociedade Brasileira de Cardiologia, recomenda que manteiga e margarinas sólidas sejam consumidas ocasionalmente e em poucas quantidades, devendo dar preferência a margarinas cremosas, com alegação no rótulo da ausência de gorduras trans.


Isso se deve ao fato de que a manteiga é composta basicamente por gordura saturada, que, se consumida diariamente mesmo que em poucas quantidades, por indivíduos com dislipidemia, pode ser prejudicial. Um estudo publicado em 2016 na revista Epidemiology demonstrou que a substituição dietética de manteiga e margarinas sólidas por margarinas cremosas pode estar associada a um risco reduzido de infarto do miocárdio.


Margarinas têm composição lipídica variada e, portanto, possuem diferentes proporções de ácidos graxos saturados, poli-insaturados, monoinsaturados e de ácidos graxos na forma transisomérica e não possuem colesterol (poucas marcas exibem, nos rótulos, sua composição em ácidos graxos). Além do que, são fabricadas com diferentes óleos (girassol, milho, soja, palma, etc.) e por processos industriais variados.


A substituição de manteiga por margarina na alimentação teria como vantagem a redução na ingestão de colesterol e gordura da dieta. No entanto, o aumento na ingestão de gorduras poli e monoinsaturadas e a redução na ingestão de saturadas depende da composição da margarina. As margarinas cremosas são, em geral, mais poli-insaturadas.


De acordo com o Consenso Brasileiro sobre Dislipidemia, a substituição de manteiga por margarina, sem análise de sua composição não representa, por si só, vantagem dietoterápica importante.

Deve-se dar atenção especial aos produtos que tragam estampado nos rótulos a composição em ácidos graxos, dando preferência àqueles cujos teores de ácidos graxos insaturados seja maior do que o de saturados. Também deve ser dada preferência aos produtos que tenham baixo teor de ácidos graxos na forma transisomérica.

Esses dados ressaltam a necessidade do acompanhamento e prescrição individuais, levando em consideração diversos aspectos do paciente.


Bibliografia

Brasil. Ministério da Saúde. Guia alimentar para a população brasileira – 2. ed. – Brasília : ministério da saúde, 2014. Disponível em: http://portalsaude.saude.gov.br/images/pdf/2014/novembro/05/Guia-Alimentar-para-a-pop-brasiliera-Miolo-PDF-Internet.pdf. Acessado em: 02/11/2016.

Liu Q, Rossouw JE, Roberts MB, Liu S, Johnson KC, Shikany JM, et al. Theoretical effects of substituting butter with margarine on risk of cardiovascular disease. Epidemiology. 2016 [Epub ahead of print].

Louzada MLC, Martins APB, Canella DS, Baraldi LG, Levy RB, Claro RM, et al. Alimentos ultraprocessados e perfil nutricional da dieta no Brasil. Rev Saúde Pública 2015; 49:38-49.

Santos JE, Guimarães AC, Diament J. Consenso Brasileiro Sobre Dislipidemias Detecção, Avaliação e Tratamento. Arq Bras Endocrinol Metab. 1999; 43( 4 ): 287-305.

Xavier HT, Izar MC, Faria Neto JR, Assad MH, Rocha VZ, Sposito AC, et al. V Diretriz Brasileira de Dislipidemias e Prevenção da Aterosclerose. Arq Bras Cardiol. 2013; 101(4Supl.1): 1-22.

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